quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

CURSO-Bem-Aventurados os aflitos.


O Evangelho Segundo o Espiritismo - cap. V - Bem-Aventurados os aflitos.

Justiça das aflições - Causas atuais das aflições - Causas anteriores das aflições - Esquecimento do passado - Motivos de resignação - O suicídio e a loucura - Instruções dos Espíritos: Bem e mal sofrer - O mal e o remédio - A felicidade não é deste mundo - Perda de entes queridos. Mortes prematuras - Se fosse um homem de bem teria morrido - Os tormentos voluntários - A verdadeira desgraça - A melancolia - Provas voluntárias. O verdadeiro cilício - Deve-se pôr fim às provas do próximo? - É permitido abreviar a vida de um doente que sofre sem esperança de recuperação? - Sacrifício da própria vida - Proveito dos sofrimentos em função dos outros.

1. Bem-aventurados os que choram, pois eles serão consolados. Bem-aventurados os famintos e sedentos pela justiça, pois serão saciados - Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. (Mateus, V:5,6,10)

2. Bem-aventurados vós, os pobres, pois o Reino dos Céus vos pertence - Bem-aventurados vós, que tendes fome, pois sereis fartos - Bem-aventurados vós, que chorais agora, pois rireis (Lucas, VI:20-21).
Mas ai de vós, ricos! Pois que vós tendes a vossa consolação no mundo. Ai de vós, que estais saciados, pois tereis fome; ai de vós que agora rides, pois que gemereis e chorareis (Lucas, VI:24-25).

Justiça das aflições


3. As compensações que Jesus promete aos aflitos da Terra somente poderão realizar-se na vida futura. Sem a certeza do porvir, essas máximas não teriam sentido, ou mais do que isto, seria um artifício. Até mesmo com essa certeza, compreende-se dificilmente a utilidade de sofrer para ser feliz. Diz-se que é para haver mais mérito. Mas, então, se pergunta: por que uns sofrem mais do que outros; por que uns nascem na miséria e outros na opulência, sem nada terem feito para justificar essa posição; por que para uns nada dá certo, enquanto para outros tudo parece sorrir? Mas o que ainda menos se compreende, é ver os bens e os males tão desigualmente distribuídos entre o vício e a virtude; ver os homens virtuosos sofrerem ao lado dos maus que prosperam. A fé no futuro pode consolar e proporcionar paciência, mas não explica essas anomalias, que parecem desmentir a justiça de Deus.
Entretanto, desde que admitamos a existência de Deus, não podemos concebê-lo sem suas perfeições infinitas. Ele deve ser todo-poderoso, todo justiça, todo bondade, pois sem isso não seria Deus. E se Deus é soberanamente bom e justo, não pode agir por capricho ou com parcialidade. As vicissitudes da vida têm, então, uma causa e como Deus é justo, essa causa deve ser justa. Eis o que cada um deve compenetrar-se. Deus colocou os homens na compreensão dessa causa pelos ensinamentos de Jesus, e hoje, julgando-os suficientemente maduros para compreendê-la, revela-a por completo através do Espiritismo, ou seja, pela voz dos Espíritos.

Causas atuais das aflições

4. As vicissitudes da vida são de duas espécies, ou, se preferirmos, têm duas fontes bem diversas, que é importante distinguir: umas têm sua causa na vida presente, outras, além desta vida.
Remontando à fonte dos males terrenos, reconhecer-se-á que muitos são conseqüência natural do caráter e da conduta daqueles que os suportam.
Quantos homens caem por sua própria falta! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição!
Quantas pessoas arruinadas por falta de ordem, de perseverança, por má conduta ou por não terem limitado os seus desejos!
Quantas uniões infelizes, porque resultaram dos cálculos do interesse ou da vaidade, e com as quais nada tem a ver o coração!
Quantas dissensões, quantas disputas funestas e inúteis ter-se-ia podido evitar com mais moderação e menos suscetibilidade!
Quantas doenças e enfermidades são a conseqüência da intemperança e dos excessos de todo gênero!
Quantos pais são infelizes com seus filhos, por não terem combatido as suas más tendências desde o princípio! Por fraqueza ou indiferença, deixaram que se desenvolvessem neles os germes do orgulho, do egoísmo e da tola vaidade, que ressecam o coração e mais tarde, colhendo o que semearam, admiram-se e se afligem com a sua falta de respeito e a sua ingratidão.
Que todos os que têm o coração ferido pelas vicissitudes e decepções da vida, interroguem friamente a sua consciência. Remontem pouco a pouco à fonte dos males que os afligem, e verão se, na maioria das vezes não podem dizer: Se eu tivesse feito ou não tivesse feito tal coisa, eu não estaria nesta situação.
A quem se deve, então, todas essas aflições senão a si mesmos? O homem é, dessa maneira, num grande número de casos, o artífice de seus próprios infortúnios. Mas, ao invés de reconhecê-lo, ele acha mais simples, e menos humilhante para a sua vaidade, acusar o destino, a Providência, a sorte desfavorável, enquanto que sua má estrela, na verdade, é a sua própria negligência.
Os males dessa natureza formam, certamente, um número considerável das vicissitudes da vida. O homem os evitará, quando trabalhar para o seu aperfeiçoamento moral e intelectual.

5. A lei humana alcança certas faltas e as pune. O condenado pode, então, dizer que sofreu a conseqüência do que fez, no entanto, a lei não alcança e não pode alcançar todas as faltas. Ela alcança, mais especialmente, aqueles que trazem perigo à sociedade, e não as faltas que prejudicam os que as cometem. Mas Deus quer o progresso de todas as suas criaturas; é por isso que ele não deixa impune nenhum desvio do caminho certo. Não existe uma só falta, por mais leve que seja, nem uma só infração à sua lei que não tenha conseqüências forçosas e inevitáveis, mais ou menos desagradáveis. Isto significa que, tanto nas coisas pequenas como nas grandes, o homem é sempre punido naquilo em que pecou. Os sofrimentos conseqüentes são para ele uma advertência de que ele andou mal. Dão-lhe a experiência, e o fazem sentir a diferença do bem e do mal, e a necessidade de melhorar para evitar no futuro o que para ele foi uma fonte de desgostos. Sem isso, ele não teria nenhum motivo para se corrigir. Confiante na impunidade, retardaria sua evolução e, conseqüentemente, a sua felicidade futura.
Mas a experiência, algumas vezes, chega um pouco tarde, quando a vida já foi desperdiçada e desorganizada, quando as forças já estão consumidas, e o mal é irremediável, então, o homem se põe a dizer: Se no início da vida eu soubesse o que sei hoje, quantos passos em falso eu teria evitado! Se tivesse de recomeçar, eu faria tudo diferente, mas não há mais tempo! Assim como o trabalhador preguiçoso que diz: Eu perdi o meu dia, ele também diz: Eu perdi a minha vida. Mas assim como para o trabalhador o sol se levanta no dia seguinte, e uma nova jornada começa permitindo-lhe reparar o tempo perdido, também para eles, após a noite do túmulo, brilhará o sol de uma nova vida, na qual ele poderá aproveitar a experiência do passado e pôr em execução suas boas resoluções para o futuro.

Causas anteriores das aflições

6. Mas se há males, nesta vida, para os quais o homem é a própria causa, há outros para os quais ele é, pelo menos à primeira vista, completamente estranho e que parecem golpeá-lo como por fatalidade. Tal é, por exemplo, a perda de entes queridos e daqueles que sustentam a família. Tais são ainda os acidentes que nenhuma providência poderia impedir. Os reveses da fortuna, que frustram todas as medidas de prudência, os flagelos naturais; as enfermidades de nascença - principalmente aquelas que impedem os infelizes de ganhar a vida por meio do trabalho - as deformidades, a idiotia1?, etc.
Aqueles que nascem em semelhantes condições, certa-mente nada fizeram nesta vida, para merecer uma sorte tão triste, sem possibilidade de compensação e que não puderam evitar. Estão na impossibilidade de modificá-las por si mesmos, o que os coloca à mercê da comiseração pública. Porque esses seres tão desditosos, enquanto que, ao lado, sob o mesmo teto, na mesma família, outros são favorecidos em todos os sentidos?
O que dizer, enfim, dessas crianças que morrem em tenra idade e só conheceram da vida os sofrimentos? Problemas que nenhuma filosofia resolveu, anomalias que nenhuma religião pôde justificar, e que seriam a negação da bondade, da justiça e da providência de Deus, segundo a hipótese da alma ter sido criada ao mesmo tempo que o corpo, e da fixação irrevogável de seu destino após permanecer alguns instantes na Terra. Que fizeram elas, essas almas que acabaram de sair das mãos do Criador, para sofrerem tantas misérias no mundo, e receberem, no futuro, uma recompensa ou uma punição qualquer, se não puderem seguir o bem nem o mal?
Entretanto, em virtude do axioma todo efeito tem uma causa, essas misérias são efeitos que devem ter a sua causa, e desde que se admita a existência de um Deus justo, essa causa deve ser justa. Ora, a causa sempre precedendo ao efeito, e desde que não se encontre na vida atual, deve pertencer a uma existência precedente. Por um outro lado, não podendo Deus recompensar pelo bem que se fez, nem pelo mal que não se haja feito, se somos punidos, é que fizemos mal; e se nós não fizemos o mal nesta vida, é que o fizemos em outra. É uma alternativa à qual é impossível escapar, e na qual a lógica nos diz de que lado está a justiça de Deus.
Por conseguinte, o homem nem sempre é punido, ou completamente punido na sua existência presente, mas jamais escapa às conseqüências de suas faltas. A prosperidade do mau é apenas momentânea, e se ele não expia hoje, expiará amanhã, pois aquele que sofre submete-se à expiação de seu próprio passado. O sofrimento que, á primeira vista parece injusto, tem a sua razão de ser, e aquele que sofre pode sempre dizer: Perdoai-me, senhor, porque eu pequei.

7. Os sofrimentos produzidos por causas anteriores, assim como os decorrentes das faltas atuais - são sempre a conseqüência natural da falta cometida, ou seja, em virtude de uma rigorosa justiça distributiva, o homem sofre aquilo que fez sofrer aos outros. Se foi duro e desumano, poderá ser tratado duramente e com desumanidade; se foi orgulhoso, poderá nascer numa condição humilhante; se foi avaro, egoísta ou se fez mal uso de sua fortuna, poderá ver-se privado do necessário; se foi mau filho, poderá sofrer com seus próprios filhos, e assim por diante.
Assim se explicam, pela pluralidade das existências e pelo destino da Terra, como mundo expiatório, as anomalias apresentadas pela distribuição da felicidade e dos infortúnios entre os bons e os maus. Essas anomalias são apenas aparentes, quando as tomamos do ponto de vista da vida presente, mas se nos elevarmos, pelo pensamento, de maneira a englobar uma série de existências, veremos que é dado a cada um a parte a que faz jus - sem prejuízo do que lhe cabe no mundo dos Espíritos - e que a justiça de Deus nunca falha.
O homem não deve jamais esquecer-se que ele está num mundo inferior, onde permanece pelas suas imperfeições. A cada vicissitude, deve lembrar que, se pertencesse a um mundo mais avançado, isto não aconteceria, e dele depende não mais voltar a este mundo, desde que trabalhe para o seu aperfeiçoamento.

8. As tribulações da vida podem ser impostas aos Espíritos endurecidos, ou demasiado ignorantes para fazerem uma escolha consciente, mas são livremente escolhidas e aceitas pelos Espíritos arrependidos, que querem reparar o mal que fizeram e tentar fazer melhor. Assim é aquele que, tendo cumprido mal a sua tarefa, pede para recomeçá-la, para não perder as vantagens de seu trabalho. Essas tribulações são, às vezes, expiações do passado que corrigem, e provas para o futuro, que preparam. Rendamos graças à Deus que, em sua bondade, concede ao homem a oportunidade da reparação, e não o condena, irrevogavelmente, pela primeira falta.

9. Não se deve crer, entretanto, que todo sofrimento pelo qual se passa na Terra seja necessariamente o indício de uma determinada falta. São, geralmente, simples provas escolhidas pelo Espírito, para concluir a sua evolução e acelerar o seu progresso. Assim, a expiação sempre serve de prova, mas a prova nem sempre é uma expiação. Mesmo assim, provas e expiações são sempre sinais de uma inferioridade relativa, pois aquele que é perfeito não tem necessidade de ser testado. Um Espírito pode, portanto, ter adquirido um certo grau de evolução mas, querendo avançar mais, solicita uma missão, uma tarefa a cumprir, pela qual será tanto mais recompensado - se for vitorioso - quanto mais penosa tiver sido a luta. Exemplo disso, são essas pessoas de tendência naturalmente boas, de alma elevada, de sentimentos nobres inatos, que parecem nada trazer de mau de sua precedente existência, e que sofrem com uma resignação cristã as maiores dores, pedindo forças a Deus para suportá-las sem reclamar. Podem-se, ao contrário, considerar como expiações as aflições que causam reclamações, e levam o homem à revolta contra Deus.
O sofrimento que não provoca lamentações pode, sem dúvida, ser uma expiação, mas é um indício de que foi antes escolhido voluntariamente do que imposto; é a prova de uma forte resolução, o que é sinal de progresso.

10. Os Espíritos só podem aspirar a uma perfeita felicidade, quando estiverem puros. Qualquer imperfeição os impedem de entrar nos mundos felizes. São como os passageiros de um navio tomado pela peste, cuja entrada no porto é impedida, até que estejam purificados. É nas diversas existências corpóreas que os Espíritos se despojam, pouco a pouco, de suas imperfeições. As provas da vida fazem progredir, quando bem suportadas. Como expiação, apagam as faltas e purificam. É o remédio que limpa a chaga e cura o doente; quanto mais grave o mal, mais enérgico deverá ser o remédio. Pode-se dizer que, aquele que muito sofre, tinha muito a expiar e deve-se alegrar por ser logo curado. Depende dele, por sua resignação, tornar esse sofrimento proveitoso e não perder os resultados com suas reclamações, sem o que teria de recomeçar.

Livro dos Médiuns - Inconvenientes e perigos da mediunidade, cap. XVIII - questão 221 - Mediunidade nas crianças.

6 - Será inconveniente desenvolver a mediunidade das crianças?
Certamente. E sustento que é muito perigoso. Porque esses organismos frágeis e delicados seriam muitos abalados e sua imaginação infantil muito superexcitada. Assim, os pais prudentes as afastarão dessas idéias, ou pelo menos só lhes falarão no tocante às conseqüências morais.

7 - Mas há crianças que são médiuns naturais, seja de efeitos físicos, de escrita ou de visões. Haveria nesses casos o mesmo inconveniente?
Não. Quando a faculdade se manifesta espontânea numa criança, é que pertence à sua própria natureza e que a sua constituição é adequada. Não se dá o mesmo quando a mediunidade é provocada e excitada. Observe-se que a criança que tem visões geralmente pouco se impressiona com isso. As visões lhe parecem muito naturais, de maneira que ela lhes dá pouca atenção e quase sempre as esquece. Mais tarde a lembrança lhe volta à memória e é facilmente explicada, se ela conhecer o Espiritismo.

8 - Qual a idade em que se pode, sem inconveniente, praticar a mediunidade?
Não há limite preciso na idade. Depende inteiramente do desenvolvimento físico e mais particularmente do desenvolvimento psíquico. Há crianças de 12 anos que seriam menos impressionadas que algumas pessoas já formadas. Refiro-me à mediunidade em geral, pois a de efeitos físicos é mais fatigante para o corpo. Quanto à escrita há outros inconvenientes, que é a falta de experiência da criança, no caso de querer praticá-la sozinha ou fazer dela um brinquedo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário