quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

CURSO- ANJO E DEMÔNIOS


O Livro dos Espíritos - cap. I questão 128 a 131

Anjos e Demônios


Os seres a quem chamamos anjos, arcanjos e serafins, formam uma categoria particular, de natureza diferente dos outros Espíritos?
"Não, são os Espíritos puros. Estão no mais alto grau da escala e reúnem em si todas as perfeições."
A palavra anjo desperta, geralmente, a idéia da perfeição moral. No entanto, aplicamo-la, reiteradas vezes, a todos os seres, bons e maus, que não pertencem à humanidade. Dizemos: o anjo bom e o mau; o anjo da luz e o anjo das trevas; nesse caso, ele é sinônimo de Espírito ou de gênio. Tomamo-la aqui em sua acepção positiva.

Os anjos percorreram todos os graus?
"Eles percorreram todos os graus, mas, como temos dito, alguns aceitam sua missão sem queixumes e chegam mais depressa; outros empregaram maior ou menor tempo para chegar à perfeição."

Se a opinião que admite seres criados perfeitos e superiores à todas as outras criaturas é in-correta, como se explica que estejam na tradição de quase todos os povos?
"Esteja certo que seu mundo não existe de toda a eternidade e que muito antes que ele existisse, já havia Espíritos no supremo grau de perfeição. Devido a isso, os homens acreditaram que teriam sido sempre perfeitos."
Existem demônios no verdadeiro sentido da palavra?
"Se houvessem demônios, seriam obra de Deus. E Deus seria justo e bom se tivesse criado seres eternamente voltados ao mal e a infelicidade? Se há demônios, residem em mundos inferiores como a Terra e em outros semelhantes. São esses homens hipócritas que transformam o Deus justo em um Deus mau e vingativo e que acreditam lhe ser agradáveis pelas abominações que cometem em seu nome."
A palavra demônio implica na idéia de Espírito mau, apenas em nossa acepção moderna, porque a palavra grega daimon, da qual origina-se, significa gênio, inteligência e diz-se de seres incorpóreos, bons ou maus, sem distinção.
Os demônios, segundo a acepção vulgar da palavra, supõem seres essencialmente malfazejos. Seriam, como todas as coisas, criação de Deus. Ora, Deus, que é soberanamente justo e bom, não pode ter criado seres predispostos ao mal por sua própria natureza e condenados pela eternidade. Se não são obra de Deus, existiriam portanto como ele, por toda eternidade havendo, assim, vários poderes soberanos.
A condição básica de toda a doutrina é ser lógica. Ora, a dos demônios, no sentido absoluto, peca nessa base essencial. Na crença de povos atrasados que, não conhecendo os atributos de Deus, admitam divindades malfazejas ou demônios, isso é concebível. Mas para aquele que faça da bondade de Deus um atributo por excelência, é ilógico e contraditório supor que ele tenha podido criar seres voltados ao mal e destinados a praticá-lo perpetuamente, porque isso seria negar a sua bondade. Os partidários dos demônios se apoiam nas palavras de Cristo e não seremos nós que contestaremos a autoridade de seus ensinamentos, que desejaríamos ver no coração mais que nos lábios dos homens; mas estariam bem certos do sentido que ele atribuía à palavra demônio? Ignora-se que a forma alegórica é apenas uma das características distintivas de sua linguagem e tudo o que contém o Evangelho não deve ser tomado ao pé da letra? Não podemos querer outra prova além desta passagem:
"Logo após os dias de aflição, o Sol se obscurecerá e a Lua não dará mais a sua luz, as estrelas tombarão do céu e os poderes celestes serão abalados. Eu vos digo, em verdade, que esta geração não passará, sem que todas essas coisas se cumpram. "
Não vimos a forma do texto bíblico contraditada pela Ciência no que toca à Criação e ao movimento da Terra? Não pode ocorrer o mesmo com certas figuras empregadas pelo Cristo, que devia falar segundo o tempos e a região em que se encontrava ? O Cristo não poderia ter dito conscientemente uma falsidade. Se, portanto, nessas palavras, há coisas que parecem chocar à razão, é porque não as compreendemos ou as interpretamos mal.
Os homens fizeram com os demônios o mesmo que com os anjos. Da mesma maneira que têm acreditado em seres perfeitos por toda a eternidade, tomaram os Espíritos inferiores por seres perpetuamente maus. A palavra demônio deve, portanto, ser entendida como fazendo referência a Espíritos impuros que, muitas vezes, não são melhores que os designados sob esse nome, mas com a diferença que seu estado é transitório. São esses os Espíritos imperfeitos que se queixam contra as provas e que, por isso, sofrem-nas mais longamente, mas que chegarão à perfeição, quando estiverem dispostos a tal. Poderíamos, portanto, aceitar a palavra demônio com essa restrição, mas como a entendemos, agora, em um sentido exclusivo, poderia
induzir ao erro ao fazer acreditar na existência de seres especialmente criados para o mal.
A propósito de Satanás, é evidente a personificação do mal sob uma forma alegórica, porque não se poderia admitir um ser mau lutando de igual para igual com a Divindade, e cuja única preocupação seria a de contrariar os seus desígnios. Como é necessário ao homem figuras e imagens para impressionar sua imaginação, pintou os seres incorpóreos sob uma forma material com atributos que lembram suas qualidades ou seus defeitos. É assim que os antigos, querendo personificar o Tempo, deram-lhe a figura de um velho com uma foice e uma ampulheta. Neste caso, uma figura de jovem teria sido um contra-senso. É o mesmo com as alegorias da Fortuna, da Verdade, etc. Os modernos representaram os anjos ou Espíritos puros como figuras radiosas, com asas brancas, símbolo da pureza; Satanás, com chifres, garras e os atributos da bestialidade, símbolo das baixas paixões. A pessoa comum que toma as coisas ao pé-da-letra, viu nesses símbolos um indivíduo real, como antes havia visto Saturno na alegoria do Tempo.


O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. X-

O sacrifício mais agradável a Deus

7. Então, se no momento de apresentar a tua oferta diante do altar, lembrares que o teu irmão tem algo contra ti, deixa o teu presente ao pé do altar, e vai antes te reconciliar com o teu irmão, para depois voltares e ofereceres a tua oferta. (Mateus, V:23-24)

8. Quando Jesus disse: “Vai reconciliar-te com teu irmão antes de apresentar a tua oferta ao altar”, ele ensina que o sacrifício mais agradável ao Senhor é o de seu próprio ressentimento; que antes de se apresentar a Ele para ser perdoado, é preciso que se perdoe aos outros. E se cometemos um erro contra um de nossos irmãos, é preciso tê-lo reparado. Só assim a oferta será aceita, pois virá de um coração puro de qualquer mau pensamento. Ele materializa esse preceito, porque os judeus ofereciam sacrifícios materiais, e era preciso conciliar as suas palavras aos costumes do povo. O cristão não oferece presentes materiais, pois que espiritualizou o sacrifício, mas nem por isso o preceito tem menos força para ele. Ele oferece sua alma a Deus e essa alma deve estar purificada. Ao entrar no templo do Senhor, deve deixar lá fora todo sentimento de ódio e de ani-mosidade, e todo mau pensamento contra seu irmão. Somente assim a sua prece será levada pelos anjos aos pés do Eterno. É isso o que ensinam as palavras de Jesus: “Deixai a tua oferta aos pés do altar e vai primeiro te reconciliar com teu irmão,” se queres ser agradável ao Senhor.

O argueiro e a trave no olho

9. Por que vês um argueiro no olho de teu irmão, e não vês a trave nos teus? Como dizes ao teu irmão: Deixa-me tirar um argueiro de teu olho, se tendes uma trave no teu? Hipócrita! Tira primeiramente a trave de teu olho, e então verás como hás de tirar o argueiro do olho de teu irmão. (Mateus, VII:3-5)
10. Um dos caprichos da humanidade é ver o mal alheio antes de ver aquele que está em nós. Para julgar-se a si mesmo, será preciso mirar-se num espelho, transportar-se de alguma forma para dentro de si mesmo, e considerar-se como outra pessoa, perguntando: O que pensaria eu se visse alguém fazendo o que eu faço? É o orgulho, incontestávelmente, o que leva o homem a dissimular as suas próprias faltas, tanto morais como físicas. Esse capricho é essencialmente contrário à caridade, pois a verdadeira caridade é modesta, simples e indulgente. A caridade orgulhosa não tem sentido, já que esses dois sentimentos se neutralizam mutuamente. De fato, como um homem, tão fútil para acreditar na importância de sua personalidade e na supremacia de suas qualidades, poderia ter, ao mesmo tempo, tanta abnegação para fazer ressaltar nos outros o bem que poderia eclipsá-lo, ao invés do mal que poderia colocá-lo em destaque? Se o orgulho é a fonte de muitos vícios, é também a negação de muitas virtudes; nós o encontramos no fundo, e como móvel de quase todas as ações. Foi por isso que Jesus se empenhou em combatê-lo, como o principal obstáculo ao progresso.

Não julgueis para não serdes julgados.
Aquele que estiver sem pecado atire a primeira pedra

11. Não julgueis para não serdes julgados, pois sereis julgados da mesma maneira como julgardes os outros; e se usará para convosco, da mesma medida com que medirdes a eles. (Mateus. VII:1-2)
12. Então, os escribas e os fariseus lhe levaram uma mulher que havia sido apanhada em adultério, e puseram-na no meio do povo, dizendo a Jesus: Mestre, esta mulher foi surpreendida em adultério. Moisés nos ordena, na Lei, que apedrejemos as adúlteras. O que achas disso? Eles disseram isso para tentá-lo, para o poderem acusar. Mas Jesus, abaixando-se, pôs-se a escrever com o dedo na terra. Como eles continuassem a interrogá-lo, ele se levantou e lhes disse: Aquele dentre vós que estiver sem pecado, atire-lhe a primeira pedra. Depois, abaixando-se de novo, ele continuou a escrever na terra. Mas os homens, ouvindo-o, foram se retirando um após o outro - sendo os mais velhos os primeiros - e, assim, ficaram apenas Jesus e a mulher, em pé no meio da praça. Jesus, então, levantando-se, lhe disse: Mulher, onde estão os teus acusadores? Ninguém te condenou? Respondeu ela: Não, senhor. Jesus lhe disse: Eu também não te condenarei. Vá e não peques mais. (João, VIII:3-11)
13. "Aquele que estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra", disse Jesus. Essa máxima faz da indulgência um dever, pois não há quem dela não precise para si mesmo. Ela nos ensina que não devemos julgar os outros mais severamente do que julgaríamos a nós mesmos, nem condenar nos outros o que nos desculpamos em nós. Antes de recriminar uma falta de alguém, vejamos se a mesma reprovação nos caberia.
A censura lançada sobre a conduta alheia pode ter dois motivos: reprimir o mal, ou desacreditar a pessoa cujos atos criticamos. Este último motivo jamais tem desculpa, pois decorre da maledicência e da maldade. O primeiro pode ser louvável, e torna-se mesmo um dever em certos casos, já que dele deve resultar um bem, e porque sem ele, o mal nunca seria reprimido na sociedade. O homem, além disso, não deve ajudar no progresso de seu semelhante? É preciso, entretanto, não tomar esse princípio no sentido absoluto: "Não julgueis para não serdes julgados", pois a letra mata, e o espírito vivifica.
Jesus não podia proibir a censura do mal, já que ele mesmo nos deu exemplo disso, e o fez em termos enérgicos. Mas quis dizer que a autoridade da censura está na razão da autoridade moral daquele que a pronuncia. Tornar-se culpável daquilo que condenamos nos outros é abdicar dessa autoridade. É, além disso, arrogar-se, arbitrariamente, o direito de repressão. A consciência íntima, além do mais, refuta qualquer respeito e toda submissão voluntária àquele que, estando investido de um poder qualquer, viola as leis e os princípios que está encarregado de aplicar. A única autoridade legítima aos olhos de Deus, é a que se apóia no bom exemplo. É o que sobressai igualmente das palavras de Jesus.

Nenhum comentário:

Postar um comentário